Vacinação é o ato ou efeito de vacinar. As vacinas protegem o corpo ou ajudam no tratamento de doenças infecto-contagiosas. A imunidade criada através da vacina baseia-se na capacidade de reação do organismo aos agentes infecciosos ao produzir anticorpos que combatem esses agentes. Essa imunização previne ou atenua os efeitos de uma eventual infeção por esse agente patogénico. A vacinação é para já o método mais eficaz na prevenção de doenças infecciosas e é unanimemente aceite pela comunidade cientifica.
A Organização Mundial de Saúde estima que por ano sejam evitadas 2 a 3 milhões de mortes devido à vacinação e que 1,5 milhões de crianças morram devido à falta desta. As campanhas de vacinação são responsáveis pela eliminação de doenças como a poliomielite, sarampo e tétano em grande parte do mundo e pela erradicação mundial da varíola.
O Programa Nacional de Vacinação (PNV) português é universal e gratuito. Ao longo dos tempos, tem sido alvo de atualizações em virtude dos avanços tecnológicos e de factores epidemiológicos. Atualmente, o programa oferece proteção contra 12 doenças.
Vacinas/Doenças | Nascimento | 2 meses | 4 meses | 6 meses | 12 meses | 18 meses | 5-6 anos | 10-12 anos | Para sempre |
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Tuberculose | BCG | ||||||||
Hepatite B | VHB1 | VHB2 | VHB3 | ||||||
Infecções por hoemophilos influenzae b | Hib 1 | Hib 2 | Hib 3 | Hib 4 | |||||
Difeteria, tétano, tosse convulsa | DTPa 1 | DTPa 2 | DTPa 3 | DTPa 4 | DTPa 5 | Td | Td | ||
Poliomielite | VIP 1 | VIP 2 | VIP 3 | VIP 4 | |||||
Infecções por Streptococus pneumoniae | Pn 13 1 | Pn 13 2 | Pn 13 3 | ||||||
Infecções por Neisseria meningites C | MenC | ||||||||
Sarampo, parotidite epidémica, Rubéola | VASPR 1 | VASPR 2 | |||||||
Infecções por vírus do papiloma humano | HPV 1,2 |
Td(Tétano e difeteria, dose de adulto)
A BCG (Bacilo Calmette-Guérin) é uma vacina contra a tuberculose e é produzida a partir de amostras atenuadas do Mycobacterium bovis.
As crianças podem e devem ser vacinadas a partir do nascimento, de preferência no berçário, por via intradérmica, no braço direito, na altura da inserção inferior do músculo deltóide.
Após a aplicação da vacina, poderá aparecer uma mancha no sítio onde a vacina foi administrada, no entanto, esta deverá desaparecer quase na totalidade ao final de um mês. No caso da lesão ficar muito grande e com pus, é aconselhado que procure um médico.
A vacina BCG tem como função prevenir formas graves de tuberculose na criança.
Essa vacina é contraindicada para indivíduos seropositivos que apresentam sintomas, para recém-nascidos com peso inferior a 2 kg e que apresentem doença cutânea generalizada.
Se o bebé manifestar hipersensibilidade aos componentes de uma vacina, e tiver uma reação anafilática após tomar uma das doses, esta tornar-se-à contraindicada.
A forma correcta de administrar esta vacina é utilizando uma seringa de 1,0 mL, graduada em centésimas de mL com uma agulha de 25 ou 26 Gauge x 10 mm, com bisel curto e a forma de a conservar é entre 2 e 8ªC, protegendo da luz e não deixando congelar.
Para os menores de 12 meses de idade a dose é de 0,05 mL e para indivíduos com idade igual ou superior a 12 meses a dose é de 0,1 mL.
A via de administração é intradérmica e é de salientar que a administração subcutânea da BCG aumenta o risco de linfadenite
supurativa, podendo dar origem a um abcesso e/ou de escara.
Esta vacina é administrada na zona superior do terço médio e o terço superior (acima da inserção
distal do músculo deltóide), na face postero-externa do braço esquerdo.
A vacina BCG utilizada em Portugal pode ser administrada com outras
vacinas (vivas ou inactivadas) em locais anatómicos diferentes.
Se não forem administradas concomitantemente, deverá respeitar-se um
intervalo superior a 4 semanas antes da administração de outra(s)
vacina(s) viva(s).
Não existe apresentação combinada da BCG com outra vacina.
A vacina VHB tem como função prevenir a infecção por vírus da hepatite B. Esta vacina contém o antigénio purificado HBs (AgHBs) do vírus, é o meio mais seguro e eficaz de prevenção, é composta por três doses e tem uma taxa de eficácia de 95%.
Esta vacina, pode provocar uma reacção anafilática a uma dose anterior da vacina VHB e/ou a alguns constituintes da própria ou a leveduras.
É necessário ter cuidade quando um recém-nascido tem menos de 2 kg à nascença e também em casos de diátese hemorrágica, aletrações da coagulação, trombocitopenia ou quando o recém-nascido está a fazer terapia anticoagulante.
Em casos de doença aguda grave com ou sem febre não é aconselhada a toma desta vacina.
Relativamente à sua consevação, deve-se conservar entre 2 e 8ºC não podendo congelar.
Esta vacina administra-se de forma intramuscular e para menores de 15 anos de idade a dose deve ser de 0,5 mL (5 ou 10 μg antigénio, conforme o produtor) e para indivíduos com idade igual ou superior a 15 anos de idade a dose deverá ser de 1 mL (10 ou 20 μg antigénio, conforme o produtor).
Para menores de 12 meses de idade a vacina é administrada no músculo vasto externo, na face externa da região
antero-lateral da coxa direita e para indivíduos com 12 meses de idade ou maiores, no músculo deltóide, na face externa da região anterolateral do terço superior do braço direito.
Pode ser administrada simultaneamente com outras vacinas em locais
anatómicos diferentes ou no mesmo membro (excepto com a BCG), desde
que as injecções sejam distanciadas entre 2,5 a 5 cm.
No PNV a VHB é administrada de forma isolada.
A vacina Hib (vacina contra a doença invasiva causada pela bactéria Haemophilus influenzae do serotipo B) é uma vacina usada na prevenção de infeções por Haemophilus influenzae do tipo B.
A vacina está incluída no Programa Nacional de Vacinação e é administrada por injeção intramuscular.
Os efeitos secundários graves são pouco comuns. Cerca de 20 a 25% das pessoas desenvolve dor no local da injeção e apenas 2% desenvolve febre. Não existe uma associação clara com reações alérgicas graves.
A primeira vacina Hib foi desenvolvida em 1977, tendo sido substituída por uma fórmula mais eficaz na década de 1990.
A vacina Hib é contra-indicada a quem tenha reação anafilática a
uma dose anterior da vacina Hib, monovalente ou combinada
e a algum dos constituintes da vacina (incluindo a proteína de conjugação).
Na administração da vacina Hib de ter-se especial cuidado quando existem casos de trombocitopenia, diátese hemorrágica, alterações da coagulação ou
terapêutica anticoagulante e também em casos de doença aguda grave, com ou sem febre.
Esta vacina deve-se conservar entre 2 e 8ºC não podendo congelar.
A dose é de 0,5 mL via intramuscular e para menores de 12 meses de idade esta vacina deve admnistrar-se no músculo vasto externo, na face externa da região
antero-lateral da coxa direita.
Para indivíduos com 12 meses de idade ou maiores, deve administrar-se no músculo deltóide, na face externa da região antero-lateral do terço superior do braço direito.
Pode ser administrada simultaneamente com outras vacinas em locais
anatómicos diferentes ou no mesmo membro (exceto com a BCG), desde
que as injeções sejam distanciadas entre 2,5 a 5 cm.
No PNV a Hib existe combinada com a DTPa (tetravalente DTPaHib) e com
a DTPa e a VIP (pentavalente DTPaHibVIP).
A vacina contra a poliomielite, também conhecida como VIP, é uma vacina que protege a criança contra 3 tipos diferentes do vírus. Esta vacina é composta por vírus da poliomielite inteiros e inactivados (tipos 1, 2 e 3).
A vacina VIP é contra-indicada quando existe uma reacção anafiláctica a uma dose anterior de VIP, monovalente ou combinada ou a algum dos constituintes da vacina.
É necessária precaução nos casos de hipersensibilidade grave à neomicina, estreptomicina ou polimixina B
(situações em que é indicada a vacinação em meio hospitalar), à trombocitopenia, diátese hemorrágica, alterações da coagulação ou terapêutica anticoagulante e a doença aguda grave, com ou sem febre.
Relativamente à sua conservação , deve-se conservar entre 2 e os 8ºC, não podendo congelar.
A dose é de 0,5 mL e o modo e administração é intramuscular (ou subcutânea)e não deve ser administrada por via
intravascular em circunstância alguma.
Para menores 12 meses de idade a injecção deve ser administrada no músculo vasto externo, na face externa da região antero-lateral da coxa direita e para indivíduos com 12 meses de idade ou maiores, deve ser administrada no músculo deltóide, na face externa da região antero-lateral do terço superior do braço direito.
Pode ser administrada simultaneamente com outras vacinas em locais
anatómicos diferentes ou no mesmo membro (excepto com a BCG), desde
que as injecções sejam distanciadas entre 2,5 a 5 cm.
No PNV a VIP existe combinada com a DTPa (tetravalente DTPaVIP) e com
a DTPa e a Hib (pentavalente DTPaHibVIP).
Esta vacina previne a difteria, tétano e tosse convulsa, é combinada trivalente e contém toxóide diftérico adsorvido (D)
, toxóide tetânico adsorvido (T) e toxóide e subunidades de Bordetella pertussis (P a ).
É contra-indicada em casos de reação anafilática a uma dose anterior ou a algum constituinte da DTPa ou a outras vacinas contendo um ou mais destes antigénios
e também é contra-indicada no caso de existir encefalopatia de etiologia desconhecida, nos 7 dias após administração de uma vacina com o componente pertussis.
É necessário cuidado quando existem alterações neurológicas que predisponham ao aparecimento de
convulsões ou deterioração neurológica, nomeadamente encefalopatia
evolutiva (precaução para o componente pertussis) – vacinação por
decisão do médico assistente.
Também é necessária precaução nos casos de trombocitopenia, diátese hemorrágica, alterações da coagulação ou
terapêutica anticoagulante
e doença aguda grave, com ou sem febre.
Relativamente ao modo de conservação, deve-se conservar entre 2 e os 8ºC e não se deve deixar congelar
.
A dose é de 0,5 mL via intramuscular e para menores 12 meses de idade esta injecção deve ser administrada no músculo vasto externo, na face externa da região antero-lateral da coxa esquerda.
Para indivíduos com 12 meses de idade ou maiores, no músculo deltóide, na face externa da região antero-
lateral do terço superior do braço esquerdo.
Pode ser administrada simultaneamente com outras vacinas em locais
anatómicos diferentes ou no mesmo membro (excepto com a BCG), desde
que as injecções sejam distanciadas entre 2,5 a 5 cm.
No PNV a DTPa existe combinada com a Hib (tetravalente DTPaHib), com a
VIP (tetravalente DTPaVIP) e com a Hib e a VIP (pentavalente DTPaHibVIP).
A vacina pneumocócica conjugada, é uma vacina que ajuda a proteger contra 13 tipos diferentes da bactéria Streptococcus pneumoniae, responsável por doenças como pneumonia, meningite ou otite média, por exemplo.
A vacina Pn13 é uma vacina de polissacáridos capsulares dos 13 serotipos de
Streptococcus pneumoniae seguintes: 1, 3, 4, 5, 6A, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19A,
19F, 23F, conjugados com a proteína CRM197 (mutante não tóxico da
proteína diftérica). Esta vacina é absorvida em fosfato de alumínio e não contém timerosal.
Nos casos de existir reação de hipersensibilidade às substâncias ativas ou a qualquer um dos excipientes esta vacina é contra-indicada.
É necessária precaução nos casos de doença aguda grave, com ou sem febre (vacinar logo que haja melhoria
da sintomatologia), em indivíduos com alterações da coagulação têm risco acrescido de
hemorragia se forem vacinados por via intramuscular pelo que a vacina
pode ser administrada por via subcutânea se os potenciais benefícios
superarem claramente os riscos.
A resposta imune pode estar diminuída nas situações de
imunodeficiência.
Deve-se considerar o risco potencial de apneia e a necessidade de monitorização
respiratória durante 48 a 72 horas após a administração de Pn13,
durante a série de primovacinação em lactentes prematuros (≤ 28
semanas de gestação), particularmente se houver história de
imaturidade respiratória. Ainda assim, a vacinação não deverá ser
suspensa ou atrasada.
A vacina deve ser conservada entre 2 e os 8°C, não podendo ser congelada.
A dose é de 0,5 mL via intramuscular e para menores de 12 meses de idade é administrada no músculo vasto externo, na face externa
antero-lateral da coxa direita.
Para indivíduos com 12 meses de idade ou maiores é administrada no músculo deltóide, na face externa da região
antero-lateral do terço superior do braço direito.
Pode ser administrada simultaneamente com outras vacinas em locais
anatómicos diferentes ou no mesmo membro (excepto com a BCG),
desde que as injecções sejam distanciadas entre 2,5 a 5 cm.
No PNV a Pn 13 é administrada de forma isolada.
A vacina contra o sarampo e designada VASPR, é administrada a crianças com 12 meses (primeira dose) e com cinco anos (segunda dose).
Esta é uma vacina combinada trivalente contendo vírus vivos atenuados do sarampo, da parotidite epidémica e da rubéola.
Esta vacina é contra-indica se existir uma reação anafilática a uma dose anterior da vacina, à neomicina, à gelatina
ou a outros componentes da vacina, em casos de gravidez, tuberculose ativa
, trombocitopenia ou púrpura trombocitopénica na sequência de uma dose
anterior da vacina
e no caso de existir imunodepressão grave, congénita ou adquirida e terapêutica
imunossupressora.
É de salientar que é contra-indicado engravidar nos 3 meses seguintes à vacinação.
No caso de imunodeficiências congénitas ou adquiridas (incluindo infecção por VIH),
não graves - pode ser administrada, por prescrição médica.
A reação anafilática às proteínas do ovo não é contraindicação (situações
em que é indicada a vacinação em meio hospitalar). também não o é, a administração de produtos contendo imunoglobulinas
, a trombocitopenia ou púrpura trombocitopénica idiopática
e doença aguda grave, com ou sem febre. Esta vacina pode provocar uma anergia temporária à prova tuberculínica.
Relativamente à sua conservação, deve-se conservar entre 2 e os 8ºC, protegendo da luz.
A dose é de 0,5 mL via subcutânea e entre os 6 e os 12 meses de idade esta vacina deve ser administrada no músculo vasto externo, na face externa
da região antero-lateral da coxa direita.
Para indivíduos com 12 meses de idade ou maiores a vacina VASPR deve ser administrada no músculo deltóide, na face externa da região antero-lateral do terço superior do braço direito.
Pode ser administrada simultaneamente com outras vacinas em locais
anatómicos diferentes ou no mesmo membro (excepto com a BCG), desde
que as injecções sejam distanciadas entre 2,5 e 5 cm. Se a administração de outras vacinas vivas não for simultânea deve respeitar-se um intervalo mínimo de 4 semanas entre vacinas.
No PNV a VASPR é administrada apenas nesta combinação.
É uma vacina que permite evitar infecções pelo meningococo C.
Esta vacina é composta por oligossacárido ou polissacárido capsular de Neisseria
meningitidis C, conjugado com uma proteína bacteriana.
Esta vacina é contra-indicada se existir hipersensibilidade a uma dose anterior da vacina MenC ou a algum dos constituintes da vacina (incluindo a proteína de
conjugação).
É necessária precaução no caso de trombocitopenia, diátese hemorrágica, alterações da coagulação ou terapêutica anticoagulante e também se existir doença aguda grave, com ou sem febre.
Relativamente à sua conservação, deve-se conservar entre 2 e os 8ºC, não podendo ser congelada.
A dose é de 0,5 mL via intramuscular e para indivíduos com 12 meses de idade ou maiores esta injecção deve administrar-se no músculo deltóide, na face externa da região
antero-lateral do terço superior do braço esquerdo.
Para menores de 12 meses de idade no músculo vasto externo, na face externa da
região antero-lateral da coxa esquerda (no contexto de vacinação
pós-exposição).
Pode ser administrada simultaneamente com outras vacinas em locais
anatómicos diferentes ou no mesmo membro (excepto com a BCG),
desde que as injecções sejam distanciadas entre 2,5 a 5 cm.
No PNV a MenC é administrada de forma isolada.
A vacina contra o HPV, ou papiloma vírus humano, é dada em forma de injeção e previne não só o HPV, mas também o cancro do colo do útero.
Esta é uma vacina tetravalente, recombinante, com adjuvante, contendo proteínas L1 do vírus do Papiloma humano dos tipos 6, 11, 16 e 18.
Previne lesões genitais pré-cancerosas (colo do útero, vulva e
vagina), cancro do colo do útero e verrugas genitais externas (condiloma
acuminado) com relação causal com os genótipos 6, 11, 16 e 18 do HPV.
Esta vacina é contra-indicada nos casos de reacção de hipersensibilidade à substância activa ou a qualquer um dos excipientes da vacina.
É necessária precaução nos casos de doença aguda grave, com ou sem febre
, de trombocitopenia, de diátese hemorrágica de alterações da coagulação ou
terapêutica anticoagulante e no caso de gravidez se os dados existentes são insuficientes para indicar a vacinam durante a gravidez.
Não existem dados que suportem a intercambialidade desta vacina
com outras contra infecções por HPV (os esquemas devem ser
cumpridos com a mesma vacina).
Relativamente à sua conservação, deve-se conservar entre 2 e os 8ºC, proteger da luz, não podendo ser congelada.
A dose é de 0,5 mL via intramuscular.
Esta vacina é administrada no músculo deltóide, na face externa da região antero-lateral do terço superior do braço direito.
Pode ser administrada simultaneamente com outras vacinas em locais
anatómicos diferentes ou no mesmo membro (excepto com a BCG),
desde que as injecções sejam distanciadas entre 2,5 a 5 cm.
Não existe apresentação combinada da vacina HPV tetravalente.
Cavaco A, Gouveia C, Rodrigues F, Prata F, Varandas L. (2015). Recomendações sobre vacinas: Atualização 2015/2016.
Direcção-Geral Da Saúde - Programa Nacional de Vacinação.
Os resultados obtidos por esta aplicação não substituem o controlo do desenvolvimento e crescimento da criança efetuado por um pediatra.